Os aposentados têm sido as maiores vítimas dos apelos inescrupulosos dos bancos, que praticam verdadeiro assédio por meio de call center e “vendem” empréstimos consignados como se fossem uma grande vantagem. Na maior parte das vezes, os juros são abusivos e a dívida apenas aumenta com o passar do tempo. A título de curiosidade, o reality “Me poupe!”, que foi ao ar na Band em 2019 e está disponível no YouTube, mostrou essa triste realidade no episódio 10.
Para aqueles que lutam contra as práticas desleais promovidas pelos grandes bancos no Brasil, ainda existe um longo caminho pela frente. Contudo, nesta semana ocorreu uma pequena – mas significativa – vitória. A Justiça Federal do Distrito Federal determinou a suspensão das parcelas de créditos consignados concedidos a aposentados, seja pelo INSS ou pelo Regime Próprio (servidores públicos), pelo período de quatro meses, sem a cobrança de juros ou multa. Ou seja: os aposentados que estão pagando empréstimos não sofrerão os descontos em suas folhas de pagamento pelo período de quatro meses.
Com sensibilidade, o juiz entendeu que essa é uma “medida necessária para garantir que os idosos, atingidos em maior número por consequências fatais do SARS-CoV-2, possam arcar com o custeio do tratamento médico necessário. O que, a longo prazo, pode impedir que esses idosos saiam de suas casas para ir a hospitais ou postos de saúde, onde normalmente tem acesso à médicos e medicamentos, pois com mais recursos podem receber tratamento médico em suas residências”. Por outro lado, não haverá prejuízo às instituições financeiras, que receberam recentemente R$ 3,2 trilhões do Banco Central como medida para circular dinheiro. Segundo o autor da ação, o advogado Márcio Casado, “é um escândalo que esse dinheiro não chegue no setor produtivo, no aposentado, no grande e pequeno empresário”.
Estima-se que R$ 62 milhões de pessoas serão beneficiadas pela decisão judicial. Atualmente, as dívidas dos aposentados chegam a R$ 138 bilhões, com descontos mensais de R$ 1,1 bilhão.