Uma triste consequência do isolamento social é o aumento dos casos de violência doméstica. São diversos fatores que contribuem para esse fato: a convivência intensificada com o agressor, o distanciamento da rede de apoio (amigos, familiares, colegas de trabalho ou outros grupos sociais), a crise econômica que gera tensão familiar e ansiedade, a dificuldade de fazer denúncias sem poder sair de casa. O volume de ligações para o 180, canal de denúncias de violência doméstica, aumentou 9% a partir do dia 17 de março. Contudo, em algumas cidades como o Rio de Janeiro, o aumento no número de denúncias chegou a 50%. Essa é uma tendência que se verificou em vários países nas últimas semanas.
Apesar de todas as dificuldades vivenciadas neste tempo de quarentena, é muito importante que todos os casos de violência doméstica sejam notificados. Qualquer pessoa que tiver conhecimento de um episódio de violência pode fazer a denúncia por meio dos telefones 190, 180 ou 100. Além disso, é importante ressaltar que as Delegacias da Mulher continuam prestando atendimento ao público. Em Curitiba, por exemplo, a Casa da Mulher Brasileira (Av. Paraná, 870; 41 3221-2701) concentra no mesmo local serviços de acolhimento e apoio psicossocial (assistentes sociais e psicólogas), a Delegacia da Mulher, a Defensoria Pública, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar, o Ministério Público, a Patrulha Maria da Penha, programas voltados à autonomia econômica das mulheres e brinquedoteca. O atendimento continua ocorrendo 24 horas por dia.
Outras iniciativas surgiram para somar ao combate à violência doméstica neste período de isolamento social. O projeto Justiceiras, idealizado por uma promotora de Justiça de São Paulo, disponibiliza um número de WhatsApp (11 99639-1212) para atendimento online e gratuito a qualquer mulher, em todo o país, que tenha sofrido violência ou ameaça. 700 voluntárias da área jurídica, psicológica, socioassistencial e médica receberam treinamento e estão participando desse atendimento.
Portanto, fica o nosso apelo: não se cale, denuncie! Se você é vítima desse tipo de violência, todos esses canais estão à sua disposição e poderão fornecer a orientação de que você precisa para se libertar. Se você conhece alguém que está sofrendo a violência doméstica, seja você a rede de apoio que essa pessoa precisa; ofereça companhia para ir a uma delegacia, ou faça você mesma a denúncia. Infelizmente há inúmeros relatos de violência doméstica que terminaram em fatalidade, este é um assunto muito sério. Faça a sua parte. Erga a sua voz!